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Correntes invisíveis (Desabafo: Minha luta contra depressão)

Correntes invisíveis (Desabafo: Minha luta contra depressão)
Desde criança eu lido com a depressão. Para minha total surpresa não adoeci do formato esperado pela sociedade em geral, as pessoas estipulam uma visão comumente aderida sobre alguém que está enfrentando esta luta e quando os sintomas fogem do esteriótipo logo os sentimentos de rejeição, ignorância e duvida atacam.
A tipica frase “Quem tem depressão ri, conversa e trabalha” faz total sentindo ao se integrar ao meu caso. Falar sobre estes fatos e sentimentos numa rede social ou em um blog, é uma das formas que encontrei para fazer com que outras pessoas que passam pela mesma situação que eu não se sintam tão sozinhas.
Chamo de correntes invisíveis os tipos de níveis em que a depressão se manifesta comigo.
Entre os 11 e os 14 anos vivenciei a profundidade na qual as correntes me arrastaram. Não sei ao certo dizer quais foram os fatores principais para o inicio da mesma, o que sei é que não foi apenas uma circunstância. Tive alguns picos de calmaria onde vivenciei uma certa paz, parecia que ela não estava aqui.
Alguns sintomas que tive nesta fase:
  • Passava dias inteiros trancada em meu quarto
  • Não comia direito
  • Não tomava banho ou escovava os dentes
  • chorava em momentos alternativos
  • Me sentia sozinha
  • Queria obviamente morrer
  • Tentei suicídio diversas vezes
  • Alto estima baixíssima
  • Me auto - mutilei
  • Tinha problemas de relacionamento com os outros
  • Tinha uma raiva constante
  • Estava sempre com dores musculares
  • Crises de ansiedade
Mesmo tendo todos estes sintomas eu vivia normalmente, ia a escola e sorria para as outras pessoas.

Dos 14 aos 16 (fase atual) Tive uma época de melhoras evidentes porém a doença sempre esteve aqui e mais cedo ou mais tarde ela iria se manifestar, comecei o ano de 2018 bem, não tive nenhuma crise no final do ano anterior e até o meio deste ano tudo ia bem parcialmente bem. Então comecei a subir de nível novamente.
  • Tenho crises elevadas de raiva
  • Choros excessivos
  • Desejo de morrer
  • Crises de ansiedade
  • Pavor de entrar em determinados lugares
  • Perda da minha higiene pessoal e motivação
  • Cansaço



Novamente eu estava sempre sorrindo e evitando transparecer tudo o que se passa dentro de mim.
Quando pensamos em depressão imaginamos alguém triste pois este é o maior dos sentimentos que nos atravessam, porém não enxergamos a imensidão do que se passa dentro de alguém doente
Pode ser que me perguntem como estou neste mês de Dezembro, a resposta será bem simples: Estou lutando. Lutando pela minha vida, pelos meus sonhos e por todas as oportunidades que ainda vou ter.
Tenho sorte de poder contar com pelo menos 1 pessoa, uma pessoa que permite a abertura do meu coração, que não me convida para a igreja, que está aprendendo a não me oferecer soluções rápidas e que de fato deseja me ajudar.
Ela me impede de desistir de tudo e me impulsiona a continuar vivendo
Sou extremamente grata ao amor da minha vida por estar comigo e por ter escolhido ficar. Brunna Pereira
Por fim quero dizer a todas as pessoas que podem ou não conviver com alguém com esta doença:
  • Depressão é uma doença da alma, que pode se iniciar com distúrbios químicos e outras disfunções cerebrais
  • Deixe suas crenças religiosas de fora ao ajudar alguém que enfrenta isso, existem profissionais capacitados e pesquisadores que comprovaram que a Depressão é uma Doença
  • Saiba ouvir e deixe seu senso comum de lado, se não for compreender não atrapalhe
  • Não espere que melhoremos do dia pra noite, estou doente há longos 5 anos e tenho orgulho de estar viva para escrever tudo isso.
  • Esteja lá, não vire as costas quando mais precisamos
Espero que meu relato os ajude a compreender melhor a depressão.
Até.

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